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Mostra Cine Esquema Novo e  Kino Beat: Mundificação

Fruto de uma parceria entre Cine Esquema Novo e Kino Beat, a Mostra CEN + Kino Beat: Mundificação, é parte integrante do projeto – Portos Conectados: Construindo Mundos Digitais e Encontros em Porto Alegre e Liverpool – composta também por uma residência artística e uma publicação online.

O projeto parte de uma reflexão inicial sobre o que pode ser identificado como a principal afinidade entre Porto Alegre e Liverpool: sua condição portuária. Ainda que os portos hoje não tenham a mesma centralidade de outrora, as cidades se projetaram para o mundo, cada uma à sua maneira, e com implicações urbanas, sociais e ecológicas profundas, através desses espaços. 

Divulgados os selecionados para Mostra Cine Esquema Novo e Kino Beat Mundificação

O 10º Kino Beat anuncia as obras que integrarão a Mostra Cine Esquema Novo e Kino Beat Mundificação. Foram selecionados 9 filmes de quase 600 inscritos de todas as regiões do Brasil.  A curadoria da mostra é assinada por Gabriel Cevallos, Jaqueline Beltrame e Ramiro Azevedo. 

  • A Menina e o Pote (Valentina Homem)
  • Cavaram uma cova no meu coração  (Ulisses Arthur)
  • Cidade Pássaro (Mathias Mariani)
  • From The Main Square (Da Praça Central) (Pedro Harres)
  • Futuro Futuro (Davi Pretto)
  • Ouvidor (Matias Borgstrom)
  • PX Origens (Adalberto Oliveira)
  • Quando meu mundo era mais mundo (Deborah Danowski e Frederico Benevides)
  • RAPACIDADE (Julia de Simone e Ricardo Pretti)

A MENINA E O POTE

 Brasil, 2024 – 12 min – Animação / Drama – Valentina Homem e Tati Bond

Dirigido por Valentina Homem e Tati Bond, o curta-metragem A Menina e o Pote teve estreia mundial na Semana da Crítica do Festival de Cannes e foi exibido em importantes festivais internacionais, como Annecy, Gramado, Festival do Rio e Havana. A produção é da Sempre Viva.

A história parte de um conto escrito por Valentina Homem em 2012 e apresenta uma parábola sobre transformação e renascimento. Em um mundo distópico, uma menina quebra o pote que guarda um segredo, abrindo portais para universos paralelos e iniciando um processo de criação de um novo mundo.

O filme é falado em Nheengatu, língua indígena do Alto Rio Negro, e teve consultoria da antropóloga Francy Baniwa, que também integra o elenco e colaborou no roteiro, junto de Nara Normande, Tati Bond e Eva Randolph. A narrativa incorpora símbolos da cosmologia Baniwa e influências da mitologia Yanomami, inspirada em A Queda do Céu, de Davi Kopenawa.

A técnica de pintura sobre vidro, conduzida por Tati Bond, dá forma a uma animação fluida e em constante mutação, refletindo o percurso simbólico da personagem. A trilha sonora original é de Francisco Fontes Baniwa, e o desenho de som de Felippe Mussel.

O filme recebeu diversos prêmios, entre eles: Melhor Curta (Festival do Rio e Animage), Melhor Desenho de Som (Gramado e Cine Jardim), Melhor Direção de Arte (Kinoarte), Escolha do Público (Kinoforum), Prêmio Coral Especial de Animação (Festival de Havana) e o Grande Otelo de Melhor Curta de Animação.

Cavaram uma cova no meu coração

Brasil, 2024 – 24 min – Ulisses Arthur

Enquanto uma mineradora perfura a terra para extrair sal-gema, uma gangue de adolescentes planeja quebrar a máquina responsável pelos tremores e afundamento do solo.

“A trama se passa nos escombros dos bairros afetados pela tragédia ambiental cometida pela mineradora Braskem, que, após anos de extração mineral subterrânea irregular, foi responsável pelo afundamento de cinco bairros da cidade de Maceió e pelo êxodo urbano de mais de 60 mil pessoas.

O diretor realiza uma mise-en-scène com jovens e crianças do grupo teatral Associação da Criança e Adolescentes da Chã de Bebedouro, alunos do projeto Cinema na Chã, que presenciam o desmonte dos bairros do entorno enquanto permanecem isolados do resto da cidade, com acesso limitado.”

Cidade pássaro

Brasil, 2020 ‧ Thriller/Drama ‧ 1h 55m – Mathias Mariani

O nigeriano Amadi procura seu irmão Ikenna na cidade de São Paulo. Aos poucos percebe que o supostamente bem sucedido professor de matemática inventou para sua família uma narrativa imaginária de sua vida no Brasil. Amadi descobre lentamente a verdade em uma missão pelo submundo da cidade.

“Ao longo da minha vida a questão de identidade sempre foi muito importante. Quando criança sempre estive em constante mudança tanto dentro do Brasil quanto fora, sempre me perguntando qual parte de mim levava comigo e qual eu deixava para trás. A ideia de se reinventar, de trocar de pele e começar de novo, sempre foi uma fantasia tentadora, que eu carreguei comigo ao longo da vida.

Vindo de uma família grande onde tanto amor quanto ciúmes ocupam uma parte significativa do relacionamento entre os membros, eu sempre gostei de refletir como essas emoções transformam e se contradizem quando vistas em conexão com fronteiras culturais e sociais, e como elas influenciam o indivíduo e sua relação com o ambiente urbano.

Esses foram os motivos que me levaram a fazer esse filme.” – Texto do diretor Matias Mariani

FROM THE MAIN SQUARE

Brasil / Alemanha, 2022 – 23 min – Pedro Harres

Uma cidade em toda a sua diversidade surge ao redor de uma praça. Uma encruzilhada de histórias, edifícios, esperanças e conflitos. Pessoas nutrem simpatia e cuidado com os seus iguais, mas também animosidade para com aqueles que são diferentes. Não demora muito tempo para que uma atmosfera de “nós contra eles” se instale. “Da Praça Central” é uma experiência VR interactiva que convida o espectador a testemunhar a ascensão e queda de uma sociedade dividida. Como ela floresce e se torna um perigo para si mesma.

From The Main Square é fruto da observação de Berlim com o Brasil na mente e no coração entre 2019 e 2022. É uma ilustração compacta de uma ruptura social. Sua identidade visual combina o estilo de desenho de Daniel Eizirik com as animações 2D de Samuel Patthey. O roteiro é uma colagem de absurdos urbanos ocasionalmente engraçados, mas eventualmente brutais, comuns em sociedades que passam por polarização política e colapso ambiental.

Contar essa história em realidade virtual interativa foi um desafio. No início, não tínhamos ideia de como estruturá-la técnica e narrativamente; tentativa e erro foram a ordem do dia. Se eu soubesse tudo o que seria necessário, acho que não teríamos tentado algo tão complexo para uma estreia em VR. Agora, só posso agradecer à minha ignorância e à resiliência dos meus companheiros de equipe incansáveis e apaixonados.

  • 79° Festival Internacional de Cinema de Veneza (Itália) – Grande Prêmio do Júri Venice Immersive
  • Festival du Nouveau Cinema 2022 (Canada) – Prêmio Horizontes
  • Festival Internacional de Animação de Bucheon 2022 (Coréia do Sul) – Melhor Animação VR
  • Festival Internacional de Cinema de Tessalonique 2022 (Grécia) – Melhor Filme Imersivo
  • Festival Internacional de Cinema do Mar Vermelho 2022 (Arábia Saudia) – Yusr Imersivo Dourado
  • XR Must 2022 (Online) – 2° Prêmio – Prêmio Melhor Documentário ou Filme de Impacto
  • Festival Intarnacional de Animação Kaboom 2023 (Países Baixos) – Melhor Animação VR
  • Festival New Images 2023 (França) – Grande Prêmio
  • Anifilm 2023 (República Tcheca) – Melhor Animação VR
  • Festival Internacional de Animacao de Annecy (França) – Prêmio Festivals VR Connexion
  • Stereopsia 2023 (Bélgica) – Melhor Experiência Criativa
  • Festival de Curtas Aesthetica 2023 (Inglaterra) – Melhor VR & 360
  • Next Reality 2023 (Alemanha) – Prêmio Jovem Talento
  • Festival de Animação de Manchester 2023 (Inglaterra) – Melhor Filme VR
  • Festival de Cinema do Futuro (Itália) – Prêmio Novas Fronteiras
  • Orion IFF 2024 (Austrália, Berlim) – Melhor Realidade Virtual

FUTURO FUTURO

Brasil / Alemanha, 2022 – 23 min – Pedro Harres

Dirigido e roteirizado por Davi Pretto, Futuro Futuro é uma ficção científica de baixo orçamento ambientada em um Brasil distópico de um futuro próximo, onde os avanços em inteligência artificial desencadearam uma nova síndrome neurológica. O filme propõe uma reflexão política e existencial sobre desigualdade, tecnologia e identidade, abordando de forma provocadora as crises planetárias e cognitivas contemporâneas.

A trama acompanha K (interpretado por Zé Maria Pescador), um homem de 40 anos sem memória, acolhido por um clickworker solitário de 60 anos em uma cidade brasileira chuvosa e degradada. Ao usar um dispositivo de IA viciante durante um curso para pessoas afetadas pela síndrome, ele embarca em uma jornada absurda e trágica em busca de sentido e pertencimento.

Filmado em Porto Alegre em maio de 2024, Futuro Futuro foi realizado em apenas 16 dias e enfrentou a maior enchente da história do Rio Grande do Sul durante as filmagens — uma coincidência que espelhou a própria distopia retratada no filme. A catástrofe levou Pretto a incorporar imagens geradas por inteligência artificial, transformando-as em parte da narrativa e em um comentário sobre os limites do cinema independente e o impacto da tecnologia na percepção da realidade.

O longa teve estreia mundial no 59º Festival de Karlovy Vary (Competição Proxima) e foi exibido em eventos como o Festival de Brasília (onde recebeu os prêmios de Melhor Filme, Roteiro e Montagem, além de menção honrosa para Zé Maria Pescador), Festival do Rio 2025 (Midnight Movies) e a 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.


Futuro Futuro (2025) – 59º Festival de Karlovy Vary
Continente (2024) – Festival de Sitges
Rifle (2017) – 67º Festival de Berlim
Castanha (2014) – 64º Festival de Berlim

OUVIDOR

Brasil, 2023 – 95 min – Documentário

Na Ouvidor, a maior ocupação artística da América Latina, 120 artistas de diversos países convivem em uma vibrante microssociedade no centro de São Paulo. Enquanto resistem a ameaças de despejo por parte de um governo com tendências fascistas, a comunidade se divide diante do patrocínio da Red Bull à sua Bienal de Arte.

O documentário é dirigido e produzido por Matias Borgström, documentarista há mais de uma década, cofundador da Salga Filmes e membro fundador e diretor de programação do Citronela Doc, festival que exibe documentários contemporâneos em Ilhabela (SP). Nascido em Buenos Aires, Matias trabalhou como diretor e desenvolvedor de projetos na Grifa Filmes, produtora com três indicações ao Emmy e duas coproduções pré-selecionadas para o Oscar. Ouvidor é seu primeiro longa-metragem como diretor e produtor, estreado nacionalmente na 47ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e internacionalmente no 64º Krakow Film Festival (Polônia). Desde então, o filme já foi exibido e premiado em 16 países, e atualmente o diretor realiza dois novos documentários.

A produção é assinada por Paula Pripas, da Filmes de Abril, produtora responsável por longas premiados como Os dias com ele (2013), Primeiro ato (2019), Desterro (2020), Êxtase (2020), O Estranho (2023) e Mambembe (2024). Paula também lecionou produção executiva na EICTV (Cuba).

O elenco é formado por Luís Só, Alexa Gomes, Carlinhos de Moraes, DUDX, Mosphell, Biriba, Sirius Amen, Pinky e Sunni. A equipe técnica inclui Oswaldo Santana (montagem), Ricardo Imakawa (fotografia e roteiro), Ricardo H. Fernandes (direção de arte e arte do cartaz), Pedro Noizyman (edição e mixagem de som) e Luna França (trilha sonora original), além da colaboração de músicos da ocupação Ouvidor 63.

Entre as participações e prêmios, destacam-se: 47ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo (Brasil), 64º Krakow Film Festival (Polônia), Le FIFA (Canadá), LASA Film Festival (EUA) – Prêmio de Mérito em Cinema, Censurados Film Festival (Peru) – Melhor Filme, Nòt Film Fest (Itália) – Melhor Diretor, FICPBA (Argentina) – Melhor Desenho de Som e Prêmio ABC (Brasil) – finalista nas categorias de Melhor Montagem e Melhor Som de Longa Documental. O filme também foi exibido em festivais na Coreia do Sul, Colômbia, França, Alemanha, Suécia, Espanha, Holanda, Uruguai, Polônia e Brasil.

Em nota do diretor, Matias Borgström explica que o projeto nasceu a partir de uma instalação artística que realizou na Ouvidor 63, em 2017. Intrigado por essa comunidade autogestionada, decidiu documentar sua Bienal de Arte, registrando ao longo de 12 meses o cotidiano da ocupação. O processo envolveu colaboração direta com moradores, lideranças de movimentos de moradia e defensores de direitos humanos, resultando em um retrato sensível sobre coletividade, resistência e a tensão entre a independência artística e o reconhecimento institucional.

PX ORIGENS

Brasil, 2025, 23 min, Adalberto Oliveira

No bairro de Peixinhos, localizado entre os municípios de Olinda e Recife, fragmentos e recortes de memórias são disputados entre o abandono que arquiteta um presente sombrio, e o desejo inflamado de um novo amanhã.

* 29º Cine-PE (Recife/PE, 15 de junho de 2025) Mostra Paralela no Cine São Luiz.

* Festival Araucária dos Campos Gerais (Ponta Grossa/PR, de 02 a 08 de junho) Mostra Nacional.

* VIII Mostra Sesc de Cinema. (Circuito Sesc em várias cidades de PE, entre setembro de 2025 e julho de 2026) Panorama Pernambuco 2025/2026

* 4ª Edição da Mostra de Cinema Periférica 2025 (Camaragibe/PE, de 17 a 21 de setembro de 2025). Mostra Desenvolvimento.

* IV Orocine – Mostra Orobó de Cinema 2025 (Orobó/PE, dias 10 e 11 de outubro de 2025). Mostra Principal Luar do Sertão.

Quando o Meu Mundo era Mais Mundo

Brasil, 2022, 36 min, Deborah Danowski e Frederico Benevides

Que mundo virá? O que devemos sentir diante dos acontecimentos e dos cenários futuros? É justo dar esperança? É correto amedrontar? Com o agravamento da emergência climática, nossas percepções e afetos têm conhecido uma forte transformação e instabilidade. Entre palavra, imagem e som, o filme explora maneiras de abrir portais, canais entre mundos distintos.

  • Semana da Crítica, Cannes
  • Annecy
  • Zinebi
  • Festival de Cinema de Gramado
  • Kinoforum
  • Festival do Rio
  • Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano
  • Animage
  • Cine Jardim
  • Maré
  • Cine Alter do Chão
  • Olhar do Norte
  • Bucheon International Animation Festival
  • Primanima World Festival of First Animations
  • Vitacura International Short Film Festival
  • Pianeta Mare Film Festival
  • CineAlter: Festival de Cinema de Alter do Chão
  • Latin Film Fest – Kino Muranów (Varsóvia)

Rapacidade

Brasil, 2023, 45 min, Julia de Simone e Ricardo Pretti

E todos vós, políticos,

Que palavra além de ouro e treva

Fica em vossos ouvidos?

Além de vossa rapacidade

O que sabeis

Da alma dos homens?

(Hilda Hilst)

Rapacidade é um filme-ensaio sobre as camadas de temporalidades contidas nas paisagens urbanas da região portuária do Rio de Janeiro. Uma complexa colagem de sons, materiais de arquivo e imagens que registam os últimos 10 anos de uma reforma urbana gentrificadora, e revela o carácter colonizador e exploratório dos últimos duzentos anos de ocupação da cidade.

 

RAPACIDADE é o segundo filme da trilogia sobre a região portuária, realizada por Julia De Simone. Codrigida com Ricardo Pretti, o média-metragem experimental se debruça sobre uma multiplicidade de materiais, formatos, mídias e suportes de captação, entendendo essa diversidade como um espelhamento da própria história da região portuária carioca. O filme lança mão dos mais diversos procedimentos cinematográficos: cenas documentais, voz em off, cartelas de texto sobre imagem, performance, paisagens contemplativas, fusões, alterações de velocidade, trilha sonora, ambiências sonoras construídas em pós produção etc. 

 

A articulação entre esses elementos é a produtora de sentido no filme, conferindo à montagem um papel central. É através do ritmo e das justaposições, sejam elas imagéticas ou sonoras, que a montagem ancora o tensionamento da transformação dos espaços no tempo. Sempre apontando para um extracampo, a caligrafia da montagem busca aumentar a amplitude espaço-temporal de cada imagem. Nosso trabalho foi o de tentar multiplicar o sentido de cada imagem, seja evocando sua fantasmagoria ou transformação espacial, seja atribuindo forças políticas por trás dos projetos/monumentos/situações filmados. 

 

Nos guiava o desejo de abrir cada imagem, como se elas fossem estratificadas, num esforço arqueológico de materializar na própria imagem suas camadas ocultas. Após uma década filmando, pesquisando e pensado sobre a região portuária, o que nos guiou na montagem – momento de criação e composição máxima desse filme – foi o desejo de relacionar cada imagem ao máximo de elementos aos quais ela se vincula, seja na esfera geográfica, histórica, política, artística, sonora etc. Dessa forma, cada situação filmada revela uma pluralidade de forças, sempre acompanhada de contradições, tensionamentos, informações históricas etc., que tentam dar a ver, ouvir e sentir a complexidade da disputa presente nesse território. 

 

– V Festival Fronteira, 2023

– Festival do Rio, 2023

– Cine Cipó, 2023

– VII Mostra Sesc de Cinema, 2024

– California Film Festival, 2024 – Melhor Curta Experimental

– Global Shorts, 2024 – Menção Especial

– Festival de Curtas BH, 2024