Exposição CÖCÖCÖCÜ

CÖCÖCÖCÜ é a onomatopeia de um processo. Uma forma inusitada de traduzir em linguagem uma experiência intensa de encontros e criações. Também pode ser o som amplificado do caminhar de uma formiga sobre as folhas secas que cercam o formigueiro. A palavra é um neologismo, que carrega em sua formação as sílabas iniciais de alguns dos principais termos que simbolizaram a residência artística formigueiro: coexistência, colaboração, comunicação e cuidado. 

Ao longo de três semanas, dezenove pessoas, entre artistas, biólogos, urbanistas, curadores e produtores, foram residentes e parceiros, borrando suas funções pré-estabelecidas e propondo interferências em prol da realização desta exposição. Diferentemente das formigas cortadeiras. Essas formigas agricultoras, há milhões de anos, tiveram suas funções muito bem designadas para cada tipo de casta. Elas foram as nossas guias em trilhas, das quais algumas decidimos não traçar no decorrer desta experiência compartilhada na Casa de Cultura Mario Quintana e na cidade expandida. Trabalhar com/sobre elas, foi um exercício de alteridade e reflexão geradora de mundos. Para o antropólogo Bruno Latour, “o mundo sempre transborda da natureza, mundo e natureza são marcos temporais: a natureza é o que está estabelecido; o mundo, o que vem.” 

O que veio dessa junção de pessoas/cidades/formigas/CÖCÖCÖCÜ também pode ser percebido enquanto um experimento de articulação dos dualismos: arte e vida, natureza e cultura. Todos emaranhados em um superorganismo de relações e afetos, materializados em uma série de trabalhos artísticos desenvolvidos na Residência Formigueiro. 

Gabriel Cevallos e o Formigueiro 

 

Obras:

Fiona Macdonald aka Feral Practice

Sonho Mutirão

Descrição: A instalação e a meditação guiada convidam o público a relaxar e participar do trabalho sensorial-imaginativo de conexão multiespécie.

“Assim que cheguei a Porto Alegre, em minha primeira visita à Praça do Tambor, vi formigas cortadeiras colhendo pétalas amarelas. Eu entendi isso como as formigas forrageando para alimentar seu fungo simbionte, e me ocorreu que elas estavam alimentando esse fungo que vive na escuridão com material da cor do sol. Ao lado delas havia outras formigas carregando pequenas pedras rosadas. Isso foi curioso… depois de observar por algum tempo,  e notando que era o dia do ano novo lunar, especulei que as rochas poderiam ser usadas pelas formigas para evocar a lua.”

Materiais, formas, imagens e sons foram coletados por Feral Practice desde a Praça do Tambor até a Casa de Cultura Mario Quintana, seguindo as prioridades das formigas cortadeiras Acromyrmex que dominam essas ruas, praças e parques.

Técnica: Som, escultura, vídeo.

Dimensões: Variadas

Ficha técnica: Vídeo de Feral Practice e Vicente Carcuchinski

Estêvão da Fontoura

Gambiarrádio Paisagem Remix

Descrição: Transmissores FM, uma imagem de satélite, receptores FM e um pôster com instruções são os elementos que se articulam no espaço para oferecer ao público a possibilidade de remixar as paisagens sonoras do Centro Histórico de Porto Alegre.

 

Técnica: Instalação

 

Dimensões: 2 m³ (aproximadamente)

 

Ficha técnica: Estêvão da Fontoura e Leonardo Brawl Márquez (TransLAB.URB) com colaborações de Isadora Scopel Simon (TransLAB.URB) e Joel Grigolo (Matehackers Hackerspace)

Técnica: Som, escultura, vídeo.

Dimensões: Variadas

Ficha técnica: Vídeo de Feral Practice e Vicente Carcuchinski

Livia Koeche

Yby Jacuhy

Descrição: Projeção mapeada a partir da manipulação de dados geolocalizados da cidade de Porto Alegre sobre escultura efêmera de areia para construção civil. 

Dimensões:  3072x2034px, 140x210cm

Técnica: Instalação site-specific:

Dimensões: Variadas

Ficha técnica: Vídeo de Feral Practice e Vicente Carcuchinski

Vicente Carcuchinski

Visões

Técnica: Fotografias sublimadas sobre tecido 

Dimensões: 1,40m x 2,49m

Coletivo Grupelho

Gota

Descrição: Saco plástico transparente e cordão de polipropileno, tamanhos variados. 

Ficha técnica: Bruna Chiesa, Bruno Cunha, Débora Poitevin, Janaína Ferrari e Roberta Fofonka.

Moinho Edições Limitadas (Camila Leichter e Mauro Espíndola)

Formigueiro

Descrição: Construído com  papéis da Moinho Brasil durante residência Formigueiro, entre Casa de Cultura Mario Quintana e Moinho da Capivara – RS.

Técnica: Livro de artista

Ficha técnica:  Aline Moraes, Daiana Schröpel, Gustavo Balbela, Leonardo Lopes, Marga Noronha e participantes da Residência Formigueiro

Ficha técnica: Bruna Chiesa, Bruno Cunha, Débora Poitevin, Janaína Ferrari e Roberta Fofonka.

Ensaio a pedra

Descrição:  Registro do mutirão coletivo realizado pelos residentes em janeiro de 2023 no Moinho da Capivara – RS.

Técnica: Audiovisual em processo, 5min, looping, 2023.

Ficha técnica: Camila Leichter, participantes da residência Formigueiro e pedras do arroio Serraria.

Beto Mohr e Tuane Eggers

Quem cultiva quem? Relações entre espécies e os mundos por vir

Descrição: Instalação com fotografias impressas em papel algodão, caderno e cultivo de fungos sobre papel.

Dimensões: Variadas

Leo Caobelli

Império das antenas

Descrição: Instalação com televisores analógicos e vídeos retrabalhados a partir da internet.

Leonardo Brawl Márquez

Rena(cult)uralizar o Futuro

Descrição:  Realizado a partir de fotografias e arquivos de voz registrados com telefone celular no Centro Histórico de Porto Alegre – RS, em Fevereiro de 2023.

Técnica: Instalação com fotomontagens digitais impressas em papel + áudio em looping.

Dimensões variadas.

Ficha técnica: Leonardo Brawl Márquez (TransLAB.URB), Isadora Scopel Simon (TransLAB.URB), Livia Koeche e as participantes das três “Caminhadas p/ Renaturalizar o Futuro”.

Joana Burd

Formigário Sonoro

Descrição: Captação de sons nos ambientes da residência, captação de dados dos sensores, reprodução em imagem e vídeo.

Técnica: Fabricação digital, sonificação de dados, mixagem de áudio, programação em raspberry pi.