Principal destaque deste ano é a Residência Artística Portos Conectados, que promove intercâmbio de artistas de POA e Liverpool, por meio de parceria com a FACT (Foundation for Art and Creative Technology), instituição de arte e tecnologia consagrada do Reino Unido
O Festival Kino Beat está de volta. A décima edição do evento se estende até dezembro, com instalações, performances, música e mostra de cinema. Em setembro ainda serão anunciadas as demais atividades e artistas que integram a programação.
A principal novidade deste ano é a realização de uma residência artística internacional, conectando Porto Alegre a Liverpool, no Reino Unido, em uma colaboração inédita com a FACT (Foundation for Art and Creative Technology), instituição consagrada no Reino Unido, dedicada à arte e à tecnologia.
Intitulada Portos Conectados, a iniciativa reúne quatro artistas — dois brasileiros: Henrique Fagundes e Trojany, e dois do Reino Unido: Sophie Rogers e Dongni Lang — em um processo de criação híbrido, com etapas presenciais nos dois países e atividades virtuais ao longo do segundo semestre. O projeto integra a programação oficial do Ano da Cultura Brasil/Reino Unido 2025-26, promovido pelo British Council em parceria com o Instituto Guimarães Rosa, e marca a primeira atuação internacional estruturada do Festival Kino Beat.
“É uma edição que se fragmenta ao longo de cinco meses, entre Porto Alegre e Liverpool. No dia seguinte ao show, os artistas brasileiros e britânicos já iniciam suas atividades na FACT, e em outubro o processo será concluído aqui em Porto Alegre, com uma exposição. É uma ampliação importante para o festival, que passa a circular também em redes e instituições fora do país”, explica o curador Gabriel Cevallos. Conheça o projeto curatorial.
Com trajetória iniciada em 2009, o Kino Beat chega à sua décima edição com quase 16 anos de existência. O festival teve origem em uma mostra de filmes sobre música e, desde 2014, se consolidou como uma plataforma de arte contemporânea que reúne múltiplas linguagens. “O Kino Beat nunca foi apenas um festival de cinema, nem só de música ou artes visuais. Ele se tornou um espaço para experimentação artística e reflexão crítica, sempre atento às transformações estéticas, tecnológicas e sociais do presente”, afirma Cevallos.
A programação 2025 aproxima arte contemporânea e música, em entrelaçamentos de paisagens digitais e sonoras, cidades, desejos de humanos, máquinas e outras presenças. A curadoria atravessa temas como tecnologias emergentes, sons globais, ficções especulativas, pensamento ecológico, práticas colaborativas, cidades imaginadas e outras formas de escuta e convivência.
Em outubro, Vivian Caccuri e Thiago Lanis conduzem a performance sonora e imersiva Fantasma Boca, no Teatro Oficina Olga Reverbel. Utilizando apenas lábios, bocas e dentes, a dupla recria a paisagem sonora de uma floresta tropical: ruídos de aves, mamíferos e insetos, mas também do vento, das águas e de outros seres são reencenados a partir dos corpos dos performers. As sonoridades são gravadas, editadas e reproduzidas ao vivo, por meio de um sistema de som surround e loops, tecendo diversas camadas de uma cena noturna, que vai se transformando ao longo da performance.
De outubro a novembro, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) recebe a Instalação Onírica, do coletivo italiano Fuse*, grupo multidisciplinar de artistas baseado em Bolonha, na Itália. Trata-se de uma obra audiovisual que explora a dimensão dos sonhos, interpretando através de linguagens sintéticas a capacidade criativa da mente humana durante o sono. Através do uso de algoritmos capazes de traduzir conteúdo textual em imagens, Onírica traz contos de visões noturnas de volta ao domínio do visível, propondo novas reflexões sobre a relação entre humano e máquina, entre ferramenta e criador.
Também entre os meses de outubro e novembro, os artistas belgas Lena Daems (Berlaar, 1988) e Frederik van Remoortere (Antuérpia, 1986) apresentam uma instalação inédita na Sala Radamés Gnattali, na Casa de Cultura Mario Quintana. A dupla desenvolve sua obra em duas direções: trabalhos visuais autônomos, por um lado, e instalações multimídia em espaços públicos, por outro. As criações são multidisciplinares e ultrapassam as fronteiras entre teatro, cinema e artes visuais. O duo incorpora diferentes disciplinas em suas obras, como matemática, astronomia e física. O trabalho aborda temas relacionados ao espaço e, mais especificamente, ao campo de tensão entre o espaço público e o ambiente íntimo de uma pessoa. Observam o comportamento humano em um universo a partir de uma perspectiva voyeurística. O público costuma ser envolvido em suas produções, tornando-se ator ativo e necessário na obra.
Em novembro, a Mostra de Filmes Brasil-Reino Unido ocupará a Cinemateca Capitólio com uma seleção de obras que dialogam com os eixos curatoriais do festival e com o projeto internacional da FACT. A curadoria será realizada em parceria com o Cine Esquema Novo, buscando tensionar as noções de território, pertencimento, tecnologia e futuro.
A performance audiovisual Um Filme de BR – Remix será apresentada no Instituto Ling em novembro. A obra nasce a partir do documentário Um Filme de BR, que investiga a relação entre cidade e rodovia no trecho da BR-116 em Canoas (RS). No palco, imagens e sons são manipulados ao vivo, desconstruindo o filme original para propor uma leitura performática e sensorial da estrada como personagem e paisagem viva.
Encerrando a programação, o artista Leandro Lima apresentará uma instalação de grande escala na fachada do Instituto Ling, dando continuidade ao projeto iniciado na edição anterior do FKB. Reconhecido por seu trabalho na intersecção entre arte e tecnologia, Lima cria obras que exploram a percepção e o movimento em espaços públicos, ativando a arquitetura urbana como superfície narrativa.
SOBRE O FESTIVAL KINO BEAT
Ao longo dos últimos 15 anos, o Kino Beat desenvolveu de forma gradual a sua identidade e os seus espaços de atuação. A marca surgiu em 2009, como Mostra Kino Beat de filmes relacionados à música. Em 2014, se consolidou como Festival Kino Beat, uma plataforma para investigação e fomento de artistas e ações ligadas principalmente ao universo da arte digital, música contemporânea e audiovisual ao vivo. Com oito edições realizadas em formato de festival, o Kino Beat deriva suas atividades de forma livre em relação a etimologia do seu próprio nome: KINO (movimento, imagem) BEAT (ritmo, som). E se posiciona como um festival de arte contemporânea, articulando a arte do seu tempo, independente da linguagem. Em 2020 foi premiado nas categorias de Inovação e Difusão e Destaque em Curadoria do Prêmio Açorianos de Artes Plásticas da Secretaria de Cultura de Porto Alegre, completando em 2024 seus 15 anos de história.
O 10 Festival Kino Beat é viabilizado através da Lei Rouanet, apresentado pela Petrobras, conta com Patrocínio da Crown Embalagens. Apoio Internacional do British Council e Instituto Guimarães Rosa – Ano da Cultura Brasil/Reino Unido. O Festival conta com financiamento do Pró-Cultura RS – Secretaria de Estado da Cultura – Governo do Estado do RS e Realização Ministério da Cultura – Governo Federal – União e Reconstrução.
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Raphaela Donaduce Flores | jornalista
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